Alvo e negro – Vida e morte na obra de Alexandre Severo

 

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Nem todo mundo se deu conta, na trágica queda do avião que matou o presidenciável Eduardo Campos, que outras seis pessoas, a maioria de sua equipe de comunicação, também perderam a vida. Entre eles está Alexandre Severo, fotojornalista pernambucano vencedor de prêmios como o SESC/Marc Ferrez, o Infância sem Violência – Save The Children America Latina de 2005 e uma Menção Honrosa no 31º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Seu trabalho mais conhecido, apesar de colorido, é uma verdadeira poesia visual e humana sobre o preto e o branco: À Flor da Pele (veja completo em http://alexandresevero.com.br/index.php?/projetos/a-flor-da-pele/). Trata-se de um sensível ensaio sobre três irmãos albinos nascidos numa família de negros.

005Num dos paradoxos de nossa época tão regida pela visualidade, os fotojornalistas cada vez menos têm espaço para inovar e mesmo trabalho nas redações. Um exemplo é o portal Terra, que fechou o departamento de fotografia na segunda semana de agosto e demitiu mais de 100 profissionais (outros 150 haviam sido dispensados em 2012). Na mesma semana, um dos seis maiores conglomerados de comunicação do Brasil, a RBS, cortou 130 empregados, a maioria jornalistas. O herdeiro do império Sirotsky alegou em nota que foi um ato de “coragem”, de “desprendimento” e que os profissionais deveriam “repensar o modo como atuam”. O sustento dele, no entanto, continua garantido pelas gerações que o antecederam e pelo suor dos que lhe estão por baixo

 

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004A fotografia séria, documental, jornalística, “real”, como a de Alexandre Severo, infelizmente não tem recebido o apoio, valorização e reconhecimento que mereceria tanto pela mídia tradicional como pelos novos veículos. Para o pessoal de marketing, especialmente o político, contudo, o conhecimento sobre como construir uma boa imagem continua sendo fundamental. Não é à toa que os governos Lula e Dilma seguem confiando suas fotos oficiais aos Stuckerts (Roberto, Roberto Filho e Ricardo), que têm retratado os presidentes do Brasil desde João Baptista Figueiredo, no final dos anos 1970.

Assim, trabalhar com publicidade, aulas ou políticos acabam sendo algumas alternativas para os fotojornalistas conseguirem as verbas necessárias para tocar os projetos que realmente lhes interessam. No caso de Severo, foi a campanha de Campos. E com sua morte, perdemos mais um artífice das imagens reais. Resta celebrar sua vida e obra, não com discursos ou análises políticas, mas com seus retratos vitais da realidade brasileira. Viva Severo e viva a fotografia de verdade!

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